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Crítica: “A Tartaruga Vermelha”é drama comovente sobre o ser humano

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Divulgação

Lembrado pelo Júri da mostra “Un Certain Regard” do Festival de Cannes do ano passado com o Prêmio Especial, o longa de animação “A Tartaruga Vermelha”, do diretor holandês Michael Dudok de Wit, é um ensaio poético humanista e ecológico. “É uma história sobre respeito”, comentou na época o realizador.

Favorito ao Oscar de Melhor Animação deste ano, a produção francesa realizada em parceria com o estúdio Ghibli, do mestre Hayao Miyazaki (“A Viagem de Chihiro”), é um encanto de experiência sensorial ao longo de seus 80 minutos de duração.

A trama que gira em torno de um náufrago perdido numa ilha deserta e não tem qualquer tipo de diálogo. São sons e barulhos sensitivos que norteiam uma narrativa marcada por desespero e solidão.

Numa noite chuvosa, castigada por forte tempestade, um corpo cansado, fustigado e inerte surge do nada na areia molhada de paraíso tropical. Não há como não se lembrar do clássico romance “Robinson Crusoé”. Mas o folhetim escrito pelo britânico Daniel Defoe parece ter sido apenas o ponto de partida para essa aventura de descobertas e reflexões da alma.

Mensagem ambientalista
Ao se dar conta de que é a única alma viva entre o céu, o mar e à natureza selvagem que o cerca, esse estranho vindo sabe-se lá de onde, irrita-se, revolta-se, grita, com os ecos sua angústia reverberando no vazio do horizonte. Pior. O som do desconhecido vindo da imensidão verde do lugar suscita medos cavernosos. “O medo atribui a pequenas coisas grandes sombras”, diz um provérbio sueco que parece cair bem ao nosso herói perdido.

Um dia, esse náufrago solitário constrói uma jangada e tenta fugir dali. Deseja, claro, voltar para casa. Entretanto, a engenharia pobre de seu barco improvisado com velas de folhas não é suficiente para leva-lo longe."

Duas ou três outras barcaças são montadas, até que uma finalmente parece vingar e singrar a imensidão do mar à sua frente. Mas, em alto-mar, uma tartaruga gigante é contra essa partida silenciosa, destruindo sua balsa feita de frágeis ripas e folhagens.

E o motivo misterioso, espiritual, transcendente até que leva esse enorme quelônio a não deixa-lo partir é o grande segredo do filme que esconde por trás de seus traços retros 60ssentista e mensagem ambientalista, uma linda história de amor.

Pode ser do homem pela natureza. Do homem pelos animais. Ou do próprio homem por si mesmo. Caberá a cada espectador desvendar essa charada filosófica na narrativa silenciosa e contemplativa do filme.

Familiarizado com a festa do Oscar desde 2001, quando beliscou o Prêmio de Melhor Curta de Animação por “Father and Daughter”, o diretor Michael Dudok de Wit não deve se surpreender ou mesmo frustrar se perder o páreo para uma das poderosas animações norte-americanas, como “Moana” e “Zootopia”. Porém, caso isso aconteça, não será apenas lamentável, como uma deslavada e imoral injustiça.

Veja os horários de exibição do filme.

Avaliação: Ótimo


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