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Crítica: Wenders peca pela verborragia em “Os Belos Dias em Aranjurez”

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Divulgação

Novo filme de Wim Wenders é um exercício de resistência e paciência. Baseado em peça homônima do austríaco Peter Handke, colaborador de longa data do diretor alemão, o longa evoca o mito bíblico de Adão e Eva para filosofar sobre coisas simples da vida, como lembranças da infância, aventuras sexuais e os diferentes pontos de vista masculino e feminino acerca destes e outros temas. Há até um Éden em cena e uma maçã do pecado, só falta mesmo a serpente.

Tudo claro, no campo metafórico, já que o casal em questão (Reda Kateb e Sophie Semin) está bem instalado num confortável jardim de uma casa de campo localizada nos arredores de Paris. (Reza a lenda que a mansão em questão pertenceu à atriz francesa Sarah Bernhardt).

Eles fazem parte da imaginação de um escritor (Jens Harzer) que os vê da janela de seu escritório. O vocalista da banda Travis, o britânico Fran Healy, vai escrevendo os diálogos numa máquina de escrever, enquanto uma junkebox, no canto da sala, vai ditando a trilha sonora que varia de Lou Reed, cantando “Perfect Day” a Nick Cave, passando pela banda sessentista The Troggs.

Teatral, a trama sai deste contexto cênico e o formato em 3D, mais uma vez utilizado por Wenders, ajuda o espectador a entrar na “intimidade intimista” desse duo, devido à profundidade alcançada pelas câmeras. E isso é legal porque, amparado pela estética pictórica, Wim Wenders não banaliza essa tecnologia tão comum em filmes de ação.

Diálogos bocejantes
Difícil mesmo é aturar quase duas horas de um blá, blá, blá pretensioso, verborrágico e infindável. No geral, o roteiro de “Os Belos Dias em Aranjurez” – cujo título pomposo é uma referência à residência de verão dos reis da Espanha — resume-se a isso, ou seja, um casal jogando conversa fora sobre saudades e sexo.

Nem mesmo a beleza da paisagem bucólica e as experimentações dramáticas criadas pelo diretor, como a aparição ao piano do roqueiro australiano Nick Cave cantando a bela e triste “Into My Arms”, ajuda a criar uma empatia entre o público e o filme. Apesar do bom gosto estético, sobretudo das imagens, Wim Wenders peca por apostar em enredo bocejante.

Veja os horários de exibição do filme

Avaliação: Regular


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